Segunda Gaveta

MARCELA SOUZA - Portifólio

14 de mar. de 2011

"A Cabana", de William P. Young

SINOPSE: Durante uma viagem de fim de semana, a filha mais nova de Mack Allen Phillips é raptada e evidências de que ela foi brutalmente assassinada são encontradas numa cabana abandonada. Após quatro anos, vivendo numa tristeza profunda causada pela culpa e pela saudade da menina, Mack recebe um estranho bilhete, aparentemente escrito por Deus, convidando-o a voltar à cabana onde aconteceu a tragédia. Apesar de desconfiado, ele vai ao local numa tarde de inverno e adentra passo a passo o cenário de seu mais terrível pesadelo. Mas o que ele encontra lá muda o seu destino para sempre. Em um mundo cruel e injusto, A Cabana levanta um questionamento atemporal: se Deus é tão poderoso, porque não faz nada para amenizar o nosso sofrimento? As respostas que Mack encontra vão surpreender você e podem transformar sua vida de maneira tão profunda como aconteceu com ele. Você vai querer partilhar esse livro com todas as pessoas que ama.

Será que existe realmente um mundo espiritual? Um lugar repleto de seres desencarnados, capazes de enchergar além dos olhos carnais? Será que Deus existe? E Ele seria um homem de imensa barba branca sentado num trono de ouro, rodeado de anjos tocando arpas? Pelo menos não é dessa maneira que o personagem de A Cabana o conheceu.

Ou será que tudo isso não passa, simplesmente, da grande criatividade da mente humana, sedenta e carente por crer que existe um algo mais, que rege as vidas, escreve os destinos e ama a todos incondicionalmente?

A resposta para essas perguntas é a grande dúvida da humanidade. É o que causa conflitos, guerras, adorações, medos, inseguranças. É o que dirige a vida humana e a razão para todos, crentes ou não, estarem aqui, vivos, neste planeta, buscando mais respostas que, um dia, talvez possam dar sentido às vidas.

A Cabana nos mostra essa resposta pelos dois lados. Ao mesmo tempo em que a dor possa transtornar tanto uma vida a ponto de fazer com que a mente projete suas respostas e livre o coração do sofrimento também é a mesma dor que pode aproximar um homem de Deus e trazê-Lo ao seu convívio.

William P. Young narra uma história fantástica, cheia de situações incríveis e de causar sentimentos profundos ao leitor. Personagens surreais, tidos pela maioria das pessoas como "inalcançáveis", povoam as páginas dessa obra que, de longe, é uma das mais belas que já li.

O realismo, sobre a trágica história de Missy, tão comum nos dias em que vivemos e não menos abominável por isso, se mescla com a grandeza e a beleza da fé. Talvez não a fé a que estamos acostumados a ver, mas a fé no que se diz a vontade absurda de se ter, novamente, algo em que acreditar. Algo em QUEM acreditar.

Paritcularmente, gostei muito da idéia da Santíssima Trindade ser caracterizada diferente das imagens que se conhece, mostrando como seres comuns, simples, gente que se pode encontrar em qualquer lugar, até mesmo em uma cabana abandonada, cheia de péssimas lembranças, no meio do nada. É uma boa maneira de demonstrar que Deus está (ou pode estar) em toda parte.

Essa é uma história para todos os públicos: ateus, agnósticos, espiritualistas, crentes, indiferentes ou qualquer outra base religiosa que se tenha (ou que não se tenha). Justamente por que dá margem para que o leitor escolha em que acreditar. E é uma delicada e belíssima história. caracterizo como uma obra que mexe com alma, e não com os nervos.

Paradigmas a parte, é uma excelente narração, que conta com bons punhados de suspense, ficção e romance. Sua linguagem é clara, direta e simples, além de se tratar de um livro de poucas páginas (230, basicamente), o que torna a leitura tranquila, gostosa e livre de enrolação.
Porém, é preciso paciência, pois não se trata de uma leitura dinâmica, daquelas que fazem com que se percam noites de sono para não perder a próxima página. Indico para pessoas que desejam uma história bela e tocante, para apertar e acarinhar o coração, ao mesmo tempo, mas sem abruptas surpresas. É, acima de tudo, uma história sensível para pessoas sensíveis.

William P. Young é um personagem "figurante" da obra, e talvez por isso, ou seja por qualquer outro motivo for, ele crê na verdade de sua história. Eu não sei se acredito, não exatamente como está descrito, mas tenho certeza de que aqueles personagens existem e convivem conosco. Não da mesma maneira como conviveu com Mack (o protagonista), mas sim da maneira como precisamos e permitimos que eles se apresentem.

Marcela Souza

1 comentários:

Juliana Fernandes disse...

Po, então, eu li esse livro eu não gostei.
A história em si foi uma ótima sacada, a ideia é super legal. Mas não curti o jeito que o autor colocou tudo, ficou forçado demais. Mas como ele mesmo diz no livro, talvez essa história não seja para mim.