Segunda Gaveta

MARCELA SOUZA - Portifólio

Mais um passo em direção ao abismo para Nicolas Cage. Acho que essa é uma boa descrição para começar uma pequena análise do longa de Dominic Sena.

Cage já é conhecido, atualmente, muito mais por seus fracassos no cinema do que por sua boa reputação de ator renomado. Motoqueiro Fantasma (2007), Aprendiz de Feiticeiro (2010), entre outros, são bons exemplos de que o ator não está, e há um bom tempo, em seus melhores momentos. Dos filmes protagonizados por ele, numa escala de 0 a 10, considero acima de 5 apenas Presságio (2009), e isso por um motivo muito simples e que nem considera tanto a atuação de Cage: adoro filmes que retratam o fim do mundo, catástrofes ambientais, etc. Apesar de que este longa de 2009 também é um tanto quanto fantasioso demais.

Em comparação aos longas mais recentes que contam com a participação do ator, Caça às Bruxas até que não fica no posto de último lugar. Na minha opinião, o filme peca mais da metade para o fim.

Passado na época das Cruzadas, quando a Igreja Católica dominava tudo e todos e era a lei maior, o longa conta a história de dois amigos, Behmen (Cage) e Felson (Ron Perlman), que se alistaram para o "Exército da salvação" para conseguir absolvição de seus próprios crimes e pecados. Após matarem milhares, considerados "infiéis, inimigos de Deus", Behmen sofre uma crise de consciência ao ser obrigado a matar mulheres e crianças. Ele abdica seu lugar na guarda divina, seguido por seu amigo Felson, e passam a andar sem rumo pelos povoados, onde conhecem um novo inimigo: a Peste Negra. Segundo a Igreja, a causa desse mal é uma só: uma maldição imposta pelas bruxas. Num desses povoados, onde a peste já se alastrou e fez diversas vítimas, os dois ex-soldados são capturados. Para livrarem-se do julgamento, um Cardeal lhes dá uma chance: levar uma jovem acusada de bruxaria para ser julgada em um monastério longe dali. Eles aceitam e começam sua jornada, que inclui penhascos, montanhas e florestas perigosas.

E é neste cenário que o filme começa a decair. Outros personagens surgem na história e se juntam à expedição, e é aí que o espectador já começa a decifrar o que acontecerá: obviamente, os personagens não duram muito tempo. E suas atitudes também deixam claro que está chegando sua hora de morrer. Previsível e patético.
Situações sobrenaturais começam a acontecer e os protagonistas começam a perceber que há mesmo alguma coisa estranha com aquela menina.

Mas aí tudo piora: os efeitos especiais são de uma qualidade quase cômica, se não fosse triste e lamentável. As cenas de luta sobrenatural são medonhas, claramente perceptível a computação gráfica utilizada, mais parece uma mistura entre filme real e desenho, estilo Uma cilada para Roger Rabbit, de mil anos atrás.

Uma tristeza, de verdade. Sem falar na sempre e imutável feição de Cage, que insiste em não ter expressões. É a mesma cara de bobo sofrido de todo e qualquer papel. E o pior é que o final não é rápido, é um desfile de cenas ruins, mal feitas e mal cortadas. Lembrando também da falta grotesca de sentido: personagem que demonstra uma força descomunal, em dado momento, não consegue fazer o que seria simplérrimo e vice-versa.

No geral, não se trata de uma história ruim, e sim de um filme fraco. Poderia ter sido mais bem estudado e mais bem produzido. Afinal, roteiros sobre histórias épicas tem sempre algo de bom, uma bela fotografia (isso o filme tem), um enredo intrigante e/ou emocionante, boa trilha sonora, bom figurino (também é um ponto positivo), enfim. Não é um longa nota zero, mas também ficou longe de ser nota 10.

Marcela Souza

1 comentários:

Unknown disse...

Ainda não vi este filme, porém concordo quando você critica a atuação do Nicolas Cage, para mim é a mesma atuação do Keanu Reaves, sempre a mesma cara sem expressão, deveriam fazer mais teatro ou sei lá. Pelo o que você falou, o diretor parece que usa muito o artifício que os cinéfolos ODEIAM :Deus ex machina. Perde toda a graça quando acontece algo inesperado e que seria impossível de acontecer no filme, já visto que o próprio filme mostra que seria impossivel. Força descomunal sem explicação é uma delas, o mais bizarro foi em Resident Evil, o último, a Alice toma uma injeção que ira todas as habilidades dela e não é que ela fica mais forte??????????????????????????????????????????????????????????? afff.
Ótimo texto Mah, como sempre certeira.