Segunda Gaveta

MARCELA SOUZA - Portifólio

Mais uma história apocalíptica? Não. O Livro de Eli vai além do que mais uma história sobre como será a vida após o tão temido "fim do mundo".

No que se diz a respeito de como serão os dias na Terra "pós-apocalipse", ele se parece com todos os outros, realmente: cidades devastadas e destruídas, ruínas, caos, pouquíssimas pessoas ainda vivas, violência e vandalismo liberados, etc. Tudo o que já vimos, lemos, ouvimos e assistimos. Um ponto interessante que eu, ao menos, não me lembro de ter visto em outros filmes é a questão da água. Neste longa, essa fonte de vida imprescindível a todos os viventes é mostrada como realmente seria se o mundo "acabasse": escassa, preciosa, rara, capaz de causar grandes guerras entre quem a possui e quem a quer possuir.

Tirando isso, o filme tem um enredo diferente. Como o próprio nome diz, O Livro de Eli tem um protagonista importante, além de Eli, sua acompanhante Solara e o tirano Carnegie: um livro.

Durante todo o decorrer da história, o nome do livro não é citado, mas o telespectador sabe de qual obra se trata: a bíblia.

Por conta deste livro e da história que é contada, eu caracterizo este filme como sendo não do gênero de ficção, nem drama, nem aventura. É uma história de fé. De crenças, de esperança. Não falo de religião, embora a bíblia pertença aos adeptos da fé cristã. Mas, a meu ver, se trata mais da fé em si, do fato de se acreditar realmente em algo que não se vê, mas que se sabe ser verdade.

Notei, de maneira subliminar, mas crendo ser proposital pelos diretores, traços característicos do Cristianismo. Eli é um peregrino: um homem solitário, corajoso, destemido, que viaja sozinho pelo mundo de devastação com uma intenção em mente: levar o livro que carrega há 30 anos até um lugar "sagrado". Chamo o lugar de "sagrado" não por sê-lo, realmente, mas por ser um local que Eli acredita ser onde Deus o mandou levá-lo. Para Eli (e é o que dá a entender toda a história), este livro é a única coisa capaz de salvar a humanidade. Salvar no sentido de trazer novas esperanças, de ensinar ao povo como recomeçar. É a luz no fim do túnel.

Eli é como o Noé, aquele da arca. Através de uma promessa de Deus, nada pode acontecer a ele enquanto não cumprir a sua missão. Ele é praticamente invencível. Luta mais do que um samurai, vence mais de 20 homens de uma única vez sem um único arranhão, é baleado e não morre. É um "protegido de Deus".

Por essas e outras, caracterizo como uma história de fé e confiança. Sei que muitos espectadores, ao assistir, descordarão. Pode ser considerado extremamente católico, fantasioso, impossível. Mas eu acho que depende da visão: para os que crêem que a fé é capaz de tornar qualquer um invencível, esta é a história ideal.

Acima de tudo isto, é um belo filme, com um bela fotografia: quase não há cores nas cenas. Tons de cinza fazem o cenário do longa. Uma história de perseverança.

E o principal: uma grande surpresa aguarda o fim do filme. Esse sim, é o ápice, a grande sacada dos diretores e o que torna a história muito melhor do que se pode imaginar. O filme é um, no final se torna outro. Excelente, mesmo. Só pelo final, já vale a pena assistir.

Paradigmas a parte, não custa nada conferir.

Marcela Souza

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bem colocada essa sua opnião e traduz muito bem o filme. Parabéns!

Unknown disse...

muito boas suas colocações sobre o filme , eu o assisti, e vc praticamente conseguiu expressar aquilo que realamente se passa no filme...PARABÉNS