Segunda Gaveta

MARCELA SOUZA - Portifólio

Calor intenso que gera chuvas fortes e constantes, culminando em ruas alagadas e desabamentos de terra. Essa é a realidade enfrentada, atualmente, por todo o País. E a Baixada Santista não foge a essa regra - as consequências do aquecimento global causam grandes transtornos à região e deixam as autoridades em alerta. Em Santos, os programas criados para enfrentar esses problemas são colocados em prática, visando a melhoria das condições em que a população está sendo obrigada a viver. Segundo o chefe do Departamento de Defesa Civil (Dedec), Emerson Marçal, “há muito o que fazer a fim de que estejamos preparados para eventos imprevisíveis e destrutivos de grande intensidade”.

No último dia cinco, foram registrados oito deslizamentos nos morros da Cidade, devido a uma chuva forte que atingiu toda a Baixada Santista em um período de 72 horas. A Defesa Civil do Município decretou estado de atenção. Os deslizamentos de terra foram registrados nos morros do José Menino, Pacheco, Vila Progresso, Penha, Santa Maria, Marapé e São Bento.

Mas estes problemas não são novidades para os santistas. Há anos, a Defesa Civil, em parceria com a Secretaria de Segurança, vem criando métodos de prevenir desastres causados pelas fortes chuvas. “Santos, por estar localizada junto ao mar, cercada por morros e pela Serra do Mar e ainda em função do Porto, possui todas as características de uma região propícia a riscos geológicos e tecnológicos”, explica Marçal.A Serra do Mar, por exemplo, conta com eventos climáticos extremamente heterogêneos, podendo causar surpresas desagradáveis.

Por conta disso, o Governo do Estado solicitou a elaboração de um relatório denominado Instabilidade da Serra do Mar no Estado de São Paulo - Situações de Risco, com o objetivo de identificar as áreas de risco e, com isso, pudessem prevenir, reduzir e eliminar as ameaças. “Através de um convênio com a FCTH (Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica) acompanhamos em tempo real a previsão de chuvas e sua intensidade até três horas antes, o que possibilita alertarmos todos os setores para uma ação preventiva. No entanto, é necessário investir cada vez mais em tecnologia preventiva, no controle e uso de ocupação do solo e em capacitação para gestão de riscos”, afirma Marçal.

O Plano Preventivo de Defesa Civil (PPDC) é um dos programas da Prefeitura direcionados às áreas dos morros. Consiste em fazer o acompanhamento dos níveis das chuvas, possibilitando a identificação de uma situação de maior risco e, assim, dar a chance de uma previsão e prevenção dos escorregamentos de terra e queda de blocos rochosos. A operação é um plano de ação que ocorre no período de maiores chuvas, de 1º de dezembro a 30 de abril, todos os anos.

Além desse, outros programas estão vigorando em Santos. O Plano Municipal de Redução de Risco (PMRR), traça o mapa das áreas dos morros; o Plano Integrado de Emergência (PIE), operado pelas empresas de granéis líquido da Alemoa, tem como objetivo preservar a saúde humana em situações emergênciais; o Plano de Auxílio Mútuo (PAM), do Porto Organizado de Santos, trabalha com a preservação do patrimônio, do meio ambiente e a proteção à vida humana.

Com a intenção de conscientizar a própria população sobre os riscos corridos e as formas de prevenção, foi criado o APELL, Alerta e Preparação de Comunidade para Emergências Locais. Marçal destaca a importância do programa. “O Município de Santos já possui uma das melhores estruturas de serviços na área social e através do APELL estamos nos preparando para um avançado esquema de contigência”.O objetivo é conscientizar a população sobre possíveis riscos, visando sensibilizar as autoridades e as indústrias no sentido de proteger a comunidade local. Além do APELL, Santos ainda conta com o Núcleo de Defesa Civil (NUDEC), reunindo moradores dos morros que, após receberem treinamento, tornam-se agentes à serviço da comunidade. Os NUDEC’s, como são chamados, são responsáveis pela observação das áreas de risco e por avisar as autoridades sobre sinais de possíveis problemas como trincas no solo e nas casas, àrvores e postes inclinados, entre outros.

E não são só os morros da Cidade que sofrem com os problemas causados pelas mudanças climáticas. As chuvas intensas também causam dores de cabeça constantes aos moradores da Zona Noroeste. Para amenizar e tentar resolver a situação, a Prefeitura criou o projeto Santos Novos Tempos, que conta com obras como a construção de reservatórios para água das chuvas, sistemas de bombeamento e comportas, além da relocação dos moradores próximos às áreas de maior risco. O projeto ainda está em processo de aprovação pelo Governo Federal. Os bairros mais afetados na Zona Noroeste são o Santa Maria, São Jorge, Caneleira, Jardim Castelo, Saboó e Rádio Clube.

Apesar de todo o planejamento da Defesa Civil, Marçal ressalra que, em casos de risco, o socorro deve ser acionado e considera que é imprescindível procurar os órgãos responsáveis. "Buscar orientação nos órgãos que trabalham com a gestão de risco, como a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros, para saber qual o procedimento a ser adotado, é de extrema importância e ainda mostra ao cidadão que ele está amparado", conclui ele.

Marcela Souza
Publicado em: Jornal Entrevista - edição abril/2010

0 comentários: