Segunda Gaveta

MARCELA SOUZA - Portifólio

O prédio onde funcionou, na década de 90, a extinta Casa de Saúde Anchieta tem causado transtornos para moradores, transeuntes e trabalhadores locais. O imóvel, situado na Avenida São Paulo, atrás do Hospital Beneficência Portuguesa, é frequentado por moradores de rua, prostituas e usuários de drogas, além de ser usado também como ponto de tráfico.

Ronaldo Cardoso, que reside na mesma rua do prédio desativado, afirma que o problema já existe há muito tempo. "Eu moro aqui há 32 anos e esse lugar sempre foi um problema. Quando a Casa de Saúde estava ativa, não era vista com bons olhos e os internos eram maltratados. Parecia uma casa de horrores. Agora que está vazio, ou melhor, deveria estar, a casa virou abrigo para pessoas usarem drogas ou para mendigos e bêbados dormirem".

Outra moradora das proximidades, Ariane Farias, aponta as diversas incidências de assaltos nas redondezas do imóvel abandonado. "Não deixo minha filhar passar por aquela rua sozinha nem mesmo durante o dia. Os homens ficam ali bebendo e se drogando o tempo inteiro, mexendo com todo mundo que passa, isso quando não assaltam a gente. Mesmo que não sejam moradores do imóvel, eles ficam por ali. Vários vizinhos já foram assaltados à noite quando voltava para casa".

Não são somente as pessoas que residem próximas ao antigo Anchieta que têm enfrentado esse tipo de situação. Muitos trabalhadores também passam as mesmas dificuldades de permanecerem próximos ao lugar.

Cláudio Rossi, guarda do estacionamento do Hospital Beneficência Portuguesa, também diz ter passado por situações complicadas em seu período de trabalho. "Quando eu vejo que alguém de carro vai entrar no hospital e está parando na rua, já aviso logo para escolher outro lugar". Rossi comenta já ter presenciado furtos e arrombamento de automóveis. "O cúmulo do absurdo é em dia de velório. Os 'caras' ficam ali na frente do Anchieta rondando, observando as pessoas entrarem nos velórios e, quando menos se espera, invadem as salas para assaltar o pessoal. A única coisa que a gente que trabalha aqui pode fazer é avisar", ressalta.

A comerciante Lígia Brito, dona de uma floricultura na mesma rua, fala que também já foi vítima de furtos e até abordada com certa violência por um indivíduo na porta do prédio abandonado. "Muitas vezes, uma dessas 'figuras' entra aqui na loja para pedir alguma coisa, comida ou dinheiro. Alguns aprecem até deficientes mentais, estão sempre com aparência de drogados e bêbados. Eles já entraram em praticamente todos os estabelecimentos comerciais aqui perto. Todos nós que trabalhamos aqui já conhecemos a fama do lugar e os seus moradores mal-encarados".

Lígia conta que sofreu uma tentativa de sequestro. "Eu estava abrindo a loja e era bem cedo. Como de costume, vi algumas pessoas na frente do Anchieta, fumando e falando alto, mas como é sempre assim, não me preocupei muito. Apenas senti quando alguém puxou meu braço e vi dois homens, os mesmo que estavam falando alto na frente do prédio, e tentavam me empurra pra dentro da loja de qualquer maneira. Mas o pessoal da Beneficência viu e começaram a gritar e correr na minha direção, aí acho que eles se assustaram e me largaram, correram e não os vi mais". Ela ainda afirma que não anda mais sozinha por esta rua e colocou mais pessoas para trabalhar na floricultura.


Marcela Souza - publicado em Agência Facos.

1 comentários:

Beto disse...

Realmente as pessoas perambulando para lá e para cá sem ter para onde ir e abrigando todo tipo de gente