O vídeo, assim como a obra, nos mostra a formação da cultura brasileira. A mistura entre negros, índios e brancos que resultou na criação do povo brasileiro de hoje. O capitalismo já estava presente, mesmo que não explícito, nas terras do Brasil.
Os engenhos, base da administração brasileira, eram o que comandavam a história do Brasil-Colônia. Os senhores-de-engenho, que eram os grande donos da terra, os donos de tudo, inclusive de outros seres humanos, não eram tão absolutos quanto pensavam. O homem branco não pode se valgloriar de ser o autor da cultura brasileira. Vemos essa verdade claramente na obra Casa Grande & Senzala.
O povo brasileiro é o resultado da miscigenação. Somos o povo criado através da mistura de raças. Somos o resultado da interação das culturas. Nossa cultura é baseada em outras culturas.
Os costumes dos índios, muitos dos seus valores, de sua culinária, sua arte; as crenças africanas trazidas pelos negros, suas danças, seu folclore, seus valores, unidos à fé européia, suas vestimentas, sua língua: tudo isso originou o que somos hoje.
Não somos resultado apenas cultural dessa interação entre raças: somos resultado também físico. As relações entre senhores e escravos, brancos e índios, os filhos gerados entre esses diferentes povos estão nas ruas do Brasil contemporâneo.
Não temos, em nosso país, apenas brancos puros descendentes de europeus, nem somente negros puros de descendência africana e nem índios puros vivendo ainda hoje somente em suas aldeias espalhadas pelo território brasileiro. temos brancos com avós índios, negros irmãos de brancos, índios casados com negros. temos mestiços; aliás, somos todos mestiços. Se não fisicamente, somos culturalmente. E, infelizmente, mesmo tendo consciência dessa realidade, desse fato tão claramente provado, ainda vivemos em um país de preconceito. Em um mundo de preconceito, de racismo.
Os índios foram esquecidos, poucos se preocupam com as comunidades indígenas ainda existentes no Brasil. Eles são a base do povo brasileiro. Eles são os verdadeiros brasileiros, os que estavam nessa terra antes de qualquer outro, os que deram origem à vida nesse país. E hoje são tão poucos, e os que restaram são tão discriminados e abandonados.
Os negros, seres humanos como todos os outros que por tanto tempo foram vistos como animais e escravizados, mesmo com a abolição da escravatura, ainda são vistos como inferiores. Se hoje reclamamos das pessoas que vivem nas periferias, do alto índice de violência urbana e culpam-se os negros desses índices, a culpa não é de ninguém além dos próprios brancos, de classe média e alta, que vivem nas melhores partes da cidade. Esses cidadãos preconceituosos de hoje são os senhores-de-engenho de ontem. E os negros favelados, a quem chamam de bandidos, são os negros escravos de ontem que, abandonados e considerados inferiores, deram origem as favelas de hoje.
Se todos os brasileiros enxergassem que somos todos um pouco brancos, um pouco negros, um pouco índios, nosso país não seria esse palco de diferenças sociais, de preconceito e de discriminação como é. Afinal, assim como os portugueses aqui chegaram e, com a mistura entre eles, os negros e os índios, criaram o povo brasileiro, nós, hoje, precisamos enxergar que não existem outras raças e sim apenas uma: a raça humana.
Marcela Souza.
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